Adoro trens. Eles me remetem à um passado que não vivi, sou encantada pelo passado.
O que mais gosto na cidade onde moro é de ver o trem. Ele passa várias vezes ao dia cortando o centro da cidade com seus vários vagões de carga sempre vazios. Fico imaginando para onde ele vai, como enchem esses vagões e como ele dá a volta. E se ele passa vazio, deve voltar cheio, então onde ficam os trilhos do retorno? Eu fico ansiosa para ver a locomotiva e a cara de quem vem dentro dela. Será que o maquinista também anseia por ver as caras das pessoas quando passa pela cidade depois de horas de solidão?
Mas o melhor de quando vem o trem, é esperá-lo passar por inteiro até liberar o caminho para atravessarmos. É que às vezes, vemos algum cão no meio das pessoas, sentado, esperando, olhando para os vagões, sabendo exatamente como deve se comportar. Esperar com paciência. E assim que o caminho é liberado, ele se levanta sem rebuliço, sem bagunça, e caminha com o rabo em pé, olhando para a frente, todo senhor de si. Ele não late, não pula, não corre. Tem gente que não sabe o que é um trem. Nunca viu nem ouviu. Mas ele sabe.
Adoro trens. Mas acho que o que adoro mais mesmo, são cachorros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário